Mini Fic - AMBITIOUS - Capítulo nove

ATENÇÃO CAPÍTULO HOT

Joe fechou os punhos para disfarçar o tremor nos dedos. Seu desejo por Demi estava fora de controle, ultrapassando qualquer coisa que já sentira. Confessara tudo a ela. A verdade suja de sua vida. E mesmo assim ela dissera sim. Mesmo assim o queria. 
Descobriu como era importante querer. Sabia que a queria, que ansiava por ela como nunca ansiara por nada, a não ser a satisfação de necessidades básicas. Alimento, água, calor. E agora. Demi. 
— Diga-me que me quer. 
Ela desviou o olhar, ruborizada. 
— Já lhe disse. 
— E você já está fracassando em cumprir as instruções. Pedi que fizesse o que eu mandasse. Diga-me que me quer. 
— Quero você. 
Tocá-la seria como tocar o fogo. Aproximou-se e á puxou para si, os lábios sobre os dela. 
— Vou beijá-la agora. E isso não é sobre contenção. Ou sedução. Ou controle. É para mim, não para você. O único motivo é que você é uma mulher, eu sou um homem e a quero como jamais quis ninguém nem nada na vida. 
A voz era trêmula, mas ele não se importou. O controle podia ir para o inferno. E ele o seguiria. Estudou-lhe a boca, rosada e suave. Perfeição feminina. Num dado momento de seu passado, tinha parado de olhar para as mulheres, mas queria ver Demi. Faria aquilo com tanta intensidade quanto exercia seu controle. E o abandonaria com o mesmo objetivo. 
Debruçou-se e traçou as linhas daqueles lindos lábios rosados com a ponta da língua. Provando-a, saboreando-a. Ela estremeceu sob seu toque, o lábio inferior trêmulo, a demonstração inocente de excitação aumentando a dele. Quando desejara sem sentir vergonha? Nunca. Não precisava se esconder atrás de uma fantasia para manter a excitação. Não precisava fingir que estava no controle com uma mulher que queria, num lugar onde queria estar. Era o homem mais rico do mundo e estava onde queria, com a mulher que queria. E a saborearia toda, sua suavidade sob suas mãos. 
Aprofundou o beijo, mergulhando em sua boca, afogando-se nela. E Demi correspondeu. Com entusiasmo e paixão. Tivera mil fantasias, presas dentro de si, à defesa contra a invasão de seu corpo e de sua alma. Não o haviam protegido completamente, mas lhe deram um lugar onde se refugiar. Agora, pensava em qual delas viveria aquela noite com ela. Mordeu-lhe o lábio, testando-a. Tentando descobrir até onde poderia ir antes que o rejeitasse. Do que gostaria. A leve mordida apenas a fez choramingar de desejo, não de dor. 
— Você gosta disto? 
— Sim.. — A voz de Demi era um sussurro quase inaudível. 
— Ótimo. — Afastou-se e observou-lhe o vestido. — Tire isto. Devagar. 
O rosto dela ruborizou, mas obedeceu. Desceu o zíper e o vestido se soltou, o corpete caiu até a cintura. Usava um sutiã preto, simples e sexy, os seios pálidos contra o tecido escuro. 
— Tire tudo. 
Ela puxou o tecido e o vestido caiu, uma poça escura aos pés. Então deu um passo para o lado e ficou ali em pé, apenas de sutiã e uma calcinha minúscula também negra, os sapatos de salto agulha. Faziam com que as pernas dela parecessem infinitas. Joe queria-as em torno dele. Sim, aquela era a fantasia. 
Não se moveu em direção a ele. Apenas ficou lá, o corpo exposto, esperando pela ordem seguinte. Ele se aproximou e lhe tocou o rosto. 
— Você é muito mais do que linda. 
— O que significa? — A voz era trêmula. 
— Você é linda, contudo há mais alguma coisa em você. Alguma coisa que brilha de dentro. É o que me faz querer perder o controle com você. Porque quero tocar a luz. Quero me sentir aquecido por você. 
Então ela o puxou e o beijou. Havia alguma coisa totalmente generosa nela, diferente de tudo que já experimentara. Tinha fome dele, mas não da mesma forma que as outras mulheres haviam tido. Era tão suave. Doce e sensual. 
Sugou-lhe a língua para dentro da boca e ela gemeu, os dedos mergulhando em seus ombros. Ele levou as mãos às costas dela e desabotoou o sutiã, então desceu as mãos pelas costas de Demi, pela calcinha e lhe empalmou as nádegas. Apertou-as com gentileza, desfrutando do corpo dela e não apenas lhe dando prazer. 
Para ele, o sexo sempre fora clínico, mas não agora. Ali não havia nada que pudesse lhe roubar a excitação legítima, que o consumia e o levava por um caminho escuro que não sabia onde terminaria. Mas não importava. Tudo o que interessava era ela. Ter o que queria. Afastou-se um pouco e lhe tirou o sutiã, expondo-lhe os seios. Era tão perfeita. Rosada e perfeita. Abaixou a cabeça e passou a língua sobre um mamilo e sentiu-o endurecer. Então o sugou profundamente, saboreando-a, sentindo-lhe o gosto, o modo como ela arqueava contra ele, como lhe agarrava os cabelos e o mantinha junto ao corpo como se não suportasse ser separada daquele homem. 
Todas as coisas que o repugnavam, quando estivera com uma mulher que não queria, com Demi o faziam queimar. Queria mais. Era como se um animal tivesse se soltado dentro dele depois de sete anos de celibato. Doze anos de negação o haviam deixado muito, muito faminto. Sugou-a com mais força até voltar à atenção para o outro seio. Mas não era o bastante. Levantou, reclamou-lhe a boca de novo, então a ergueu nos braços e a abraçou com força contra o peito. Ela deixou escapar um gritinho de susto e se agarrou a ele, mas não interrompeu o beijo. As unhas lhe perfuravam a nuca, uma deliciosa dor que combinava com o prazer quase insuportável. Tão deliciosa que lhe alimentou ainda mais o apetite. 
Sentou-a na cama e ficou em pé diante dela. 
— Deite-se. — Ela obedeceu. — Abra as coxas para mim. 
De novo ela obedeceu. Ele se ajoelhou na beirada da cama e passou os dedos pela calcinha, roçando-a através do tecido. Demi temeu que seu coração explodisse, por bater com tanta força. E o prazer, o prazer absoluto, cru e insatisfeito que se construía nela, ameaçava destruí-la completamente. 
Não devia atender às ordens dele daquele jeito. Não devia querer mais instruções. Devia se livrar completamente de homens dominantes. Mas não queria. E reagia porque o escolhera. E não precisava se preocupar em fazer as coisas erradas ou ser desajeitada. Ele lhe dizia o que fazer. Estava feliz em obedecer. Gostava daquilo. Oh sim, gostava. 
Os dedos dele mergulharam dentro da calcinha e encontraram onde estava molhada e muito, muito pronta para ele. Era quase constrangedor demonstrar o quanto o queria. Então olhou para Joe, para a chocante ereção dentro da calça, e não se sentiu mais embaraçada. Porque ele a queria também. Porque a queria como uma amante quando jamais quisera outra mulher. Não por seu dinheiro, não por sua posição. Não porque a mãe o havia pago para ser seu encontro. 
Dissera que era mais do que linda, então nem era apenas por seu corpo. Lágrimas idiotas lhe arderam nos olhos e ela piscou para dissolvê-las e se focar nas sensações que lhe percorriam o corpo enquanto ele a provocava e a testava, cada carícia dos dedos mais e mais íntima até ele mergulhar um deles dentro dela. Demi gritou e seus músculos internos pulsaram em torno dele. Nada jamais tinha sido tão bom. Quem imaginaria que encontraria aquilo com um homem que nem mesmo gostava. Todavia, aquilo não era mais verdade. Lembrou-se do primeiro beijo deles. Faça disto meu castigo. 
— Este é o meu castigo? — A voz era arquejante enquanto ele lhe tirava a calcinha e a jogava no chão. 
Ele lhe beijou o ventre, bem abaixo do umbigo. 
— Acho que é o meu, porque acredito que não vou sobreviver. 
Beijou-a mais embaixo, então ainda mais, abrindo-lhe as coxas com os ombros. Curvou as mãos em torno de seus quadris e a puxou com força para ele, enquanto a provava intimamente, os lábios e a língua provocando, torturando. 
— Oh. — Colocou o braço sobre os olhos, incapaz de pensar, de respirar. Era tão perfeito. Tão inacreditavelmente decadente. Tirou o braço e olhou para ele, a cabeça escura bem lá. — Pensei, pensei que eu devia lhe dar prazer. 
Ele ergueu os olhos para os dela. 
— Isto me dá prazer. — A língua lhe percorreu a carne. — Mais do que pode saber. Porque quero você, escolho você. 
Voltou a abaixar os olhos e se moveu, libertando uma das pernas e penetrando-a de novo com um dedo, movendo-o no mesmo ritmo que a boca, levando-a para mais alto, mais longe, mais depressa. 
Demi estava sem fôlego, o peito apertado, a tensão no baixo ventre aumentando além do prazer, além da dor. Era insuportável. Então, justamente quando achou que quebraria, ele a lambeu de novo e tudo explodiu. O prazer, ondas quentes de prazer, lhe tomou o corpo e destruiu tudo no caminho. Deixando tudo diferente. Devastado. Perfeito. 
E ela queria chorar porque sexo era aquilo. Não violência, não mãos duras entre suas pernas, tentando forçar o caminho para dentro de seu corpo. Não insultos ou brutalidade. Afastou as lembranças. Não tinham lugar ali. Isto era diferente, era sexo, prazer, o que devia mesmo ser. Não era mais uma adolescente, não ali, não agora. 
Ele se afastou dela, os olhos escuros de desejo. 
— Agora — tomou o membro na mão. — É a minha vez. 
Ela mordeu o lábio e acenou. Queria-o. Joe era um amante inigualável. Estava aprendendo com o melhor. Mas no momento não conseguia pensar, apenas querer. 
— Preservativos? — Sentiu pânico de repente. — Por favor, diga. 
— O hotel forneceu, estão na gaveta da mesinha de cabeceira. — Abriu a gaveta e tirou uma caixa de preservativos. Pegou um pacote e o entregou a ela. — Ponha-o em mim. 
E ela não podia recusar, porque era uma ordem. Porque sentia que sob cada ordem, havia um desespero que não compreendia bem, mas que não podia ignorar. Abriu o pacote, esperando que ele não percebesse suas mãos trêmulas, e depois de examiná-lo para ter certeza de que estava fazendo tudo corretamente, colocou-o nele. Era tão quente, duro e suave sob suas mãos. Tão diferente do que imaginara que um homem seria. Melhor. E o queria todo. Dentro dela. 
— O que mais você quer? 
— Quero que se deite de costas. E que enlace suas pernas em torno de mim. 
Ela obedeceu e ele se deitou sobre ela, a ponta da ereção testando a entrada do corpo de Demi. Começou a penetrá-la, abrindo-a, esticando-a. Doeu um pouco, e quando a penetrou completamente a dor cresceu. Mas aquela não foi à sensação dominante, e sim a conexão intensa. A sensação de estar totalmente ligada a outra pessoa, quase como se fosse parte dele. 
— Demi. 
— Estou bem — beijou-lhe o canto da boca, o rosto. — Estou bem. Por favor. Apenas por favor. 
Ele passou os braços por baixo dela e lhe empalmou as nádegas, puxando-a para ainda mais perto, com mais força. E ela fez o que ele ordenara, enlaçou-lhe o corpo com as pernas enquanto ele começava a se mover dentro dela. Cada investida fazia o corpo dele roçar o botão sensível de nervos no alto de suas coxas. Levava-a para mais alto, para mais perto de outro orgasmo. O que devia ser impossível depois daquele primeiro, mas era verdade. Depressa demais. Intensamente demais. 
Mordeu o lábio e tentou segurar o gemido de prazer que lhe subia à garganta, tentou impedir a maré crescente de alívio que ameaçava dominá-la. Mas não havia como impedir. Segurou-se nele quando a tempestade desabou e enquanto estremecia em seu último arquejo de prazer, Joe enrijeceu acima dela, os músculos tremendo quando o orgasmo o tomou e ele se soltou completamente. Apertou-o contra ela, a cabeça em seu peito, as respirações difíceis. Podia sentir a respiração dele contra seu corpo, no mesmo ritmo que a dela. 
Joe a soltou e rolou para o lado, então se sentou. Abaixou a cabeça, o rosto nas mãos por um momento antes de se levantar. Foi para o banheiro e fechou a porta. 
Demi se sentou, ergueu os joelhos para o peito e esperou. Ele não voltou. Depois de algum tempo, ela pegou o celular e começou a jogar, tentando ignorar a pressão que se construía em seu peito. Ouviu o chuveiro se abrir e piscou. Não devia chorar. Não devia nem ter vontade de chorar. Aquele era um aprendizado. Ela e Joe eram amantes. Nada mais. Se ele queria sair da cama sem lhe dizer uma palavra e tomar um banho sozinho, tudo bem. 
Estremeceu, colocando o celular de volta sobre a mesinha de cabeceira, então se levantou e pegou o moletom na mala. O mesmo que tirara aquela manhã. Uma manhã que parecia ter acontecido muito tempo atrás. Ou num universo alternativo. Havia cruzado o véu para um lugar estranho, onde homens atraentes como ele a percebiam, a queriam, a tomavam. Vestiu as roupas. Oh, sim, e depois á deixavam sozinha na cama fria. 
Voltou para a cama que tinha o cheiro dele. De suor. De sexo. Desejou que voltasse e a abraçasse por um momento, porque depois de estar tão perto dele, depois de tê-lo dentro dela daquele jeito, sentia-se mais sozinha do que nunca. 
Por um momento alucinante durante o sexo, pensara ter compreendido. Como era lindo. O prazer, o querer, o ser querida. Ter finalmente conhecido à diferença entre ser atacada e o desejo sexual. Bem, era verdade, mas encontrara uma camada inteiramente nova de complexidade naquele tipo de coisa e que não havia antecipado. Mas segurou as lágrimas, sentou-se e olhou para a tela do celular, digitando letras sem formar palavras. Perguntou-se se a experiência com Joe, havia sido tão pouco importante quanto às letras ao acaso. Mas se sentia diferente. Queimada de dentro para fora. Maldito Joe. 
A porta do banheiro se abriu e ela tentou não demonstrar nada. Olhou-o pelo canto dos olhos e percebeu que não olhava para ela. Tinha uma toalha amarrada nos quadris e andou até o closet, onde pendurava todas as suas roupas. Deixou a toalha cair e o coração dela pulou para a garganta. Nunca vira um traseiro como aquele. Bem, a não ser em fotos, nunca havia visto o traseiro nu de um homem. Mesmo assim, soube que era um espécime raro. Embora estivesse irritada e magoada, não pôde deixar de olhar. Ele vestiu uma sunga, virou-se e se dirigiu para o sofá. Não olhou para ela nem disse nada. Ergueu os cobertores, deitou-se e se virou para a parede, de costas para ela. 
Ficou atônita. Realmente iria dormir do outro lado do quarto como se nada tivesse acontecido entre eles? Bem Maldição. Ia. Começou a dizer alguma coisa, então mudou de ideia. Poderia se trair e não suportaria mais humilhação. Tinha sido usada. Tinha sido tão estúpida. Obrigou-se a ficar calada, imóvel. Mas não conseguiu dormir.

Continua

Capítulo 19. Demetria – Talvez Algum Dia

Olha quem voltou. Ainda estou sem computador. Mas eu irei postar uma vez por semana ok? 


ㅤㅤㅤㅤQuando os ânimos de todos se acalmaram um pouco, deixei Joseph sozinho com os irmãos e fui para meu quarto. Tentei escrever um pouco e distrair a mente das preocupações, mas quando isso não funcionou resolvi que precisava de ar puro. Coloquei um biquíni, vesti uma camiseta por cima e desci as escadas. No meio do caminho avistei Paul sentado no sofá da sala e Joseph estava com ele.
ㅤㅤㅤㅤ__Porque nunca me contou aquilo?__ Joseph perguntou, ele parecia bem mais calmo.
ㅤㅤㅤㅤ__Vocês são meus filhos e estavam sofrendo com a perda da mãe. Não importava o que ela tinha feito comigo, era mãe de vocês e não teria feito bem algum saberem disso__ Paul respondeu.
ㅤㅤㅤㅤ__Mas, todas aquelas vezes que te acusei e gritei com você...
ㅤㅤㅤㅤ__Joseph__ Paul se levantou e segurou o rosto do filho entre as mãos__ você é meu filho, e a ultima coisa que queria era te ver sofrer. Eu sabia o quanto era próximo de sua mãe e não queria destruir a imagem que tinha feito dela. Achei que seria mais fácil se me odiasse ao invés dela. Só não queria que você sofresse, tudo que eu fiz foi para que nenhum de vocês sofresse mais do que era necessário. 
ㅤㅤㅤㅤ__Eu sinto muito__ Joseph sussurrou.
ㅤㅤㅤㅤ__Eu sei.

ㅤㅤㅤㅤNão quis bisbilhotar mais ,então sai de fininho pelos fundos da casa. Estava feliz por eles dois começarem a se entender, era difícil vê-los brigando o tempo todo. Caminhei um pouco pelo terreno da casa e quando alcancei a cachoeira que ficava na propriedade me sentei perto da água e fiquei olhando a natureza. Parando para pensar, aquela semana em família até que estava rendendo bons resultados, não tinha sido de todo uma má ideia. 
ㅤㅤㅤㅤDei alguns mergulhos na água gelada da cachoeira, sentia que poderia passar o dia todo ali, sem preocupação alguma, só eu e a natureza. Mas quando voltei à superfície percebi que não estava mais sozinha, Joseph tinha me seguido e agora estava parado me observando.
ㅤㅤㅤㅤ__Você não devia fazer isso__ murmurei enquanto saia da água__ é assustador quando alguém fica encarando, parece um daqueles psicopatas de filme de terror.
ㅤㅤㅤㅤ__Eu sou psicopata que persegue e mata a garota bonita?__ ele sorriu.
ㅤㅤㅤㅤSequei-me com a toalha que tinha trazido e voltei a vestir a camisa por cima do biquíni.
ㅤㅤㅤㅤ__Eu vi você saindo de fininho__ ele disse__ obrigada por não interromper.
ㅤㅤㅤㅤEu apenas sorri e me sentei no chão, Joseph me acompanhou. 
ㅤㅤㅤㅤ__Obrigada por ter ficado comigo__ ele sussurrou observando á água.
ㅤㅤㅤㅤ__Eu te devia uma__ disse, lembrando de algum tempo atrás quando eu mesma tinha surtado e ele me abraçara até a dor passar__ é para isso que servem os irmãos.

ㅤㅤㅤㅤEle fez uma careta quando disse essa ultima parte.
ㅤㅤㅤㅤ__O que foi?
ㅤㅤㅤㅤ__Não gosto quando fala assim__ ele virou o rosto para me encarar__ não é verdade. Só porque nossos pais se casaram não quer dizer que somos irmãos. 
ㅤㅤㅤㅤ__Meio que quer dizer sim__ eu rebati, porque queria encerrar aquela conversa que eu sabia exatamente onde ia parar. 
ㅤㅤㅤㅤ__Não quero que sejamos como irmãos__ Joseph disse tranquilamente__ porque ai, eu não poderia fazer isso.
ㅤㅤㅤㅤE ele se inclinou para frente e juntou nossos lábios num selinho delicado. Afastei-me o mais rápido que minha sanidade me permitiu e o olhei me sentindo estranhamente cansada.
ㅤㅤㅤㅤ__Você tem que parar de fazer isso. É errado.
ㅤㅤㅤㅤ__Por quê?__ ele perguntou. 
ㅤㅤㅤㅤ__Porque sim__ suspirei irritada, porque eu não tinha nenhum argumento melhor que aquele. 
ㅤㅤㅤㅤ__Eu não entendo a sua lógica__ Joseph disse parecendo divertido__ nós nos beijamos, você gostou e eu também, porque não podemos fazer de novo? 
ㅤㅤㅤㅤ__Não é assim tão simples, as coisas que fazemos tem consequências Joseph. Não podemos fazer tudo que temos vontade.
ㅤㅤㅤㅤ__Isso quer dizer que você tem vontade?__ ele sorriu de novo.
ㅤㅤㅤㅤ__Joseph...

ㅤㅤㅤㅤ__Porque você tem que racionalizar tudo?__ Joseph questionou agora mais sério__ porque tudo tem que significar alguma coisa? Porque não pode apenas... Sentir?
ㅤㅤㅤㅤEu abri a boca para responder, mas antes que pudesse ele estava novamente se inclinando sobre, me deitando na grama quente, mantendo minhas duas mãos bem presas e seu corpo sobre o meu.
ㅤㅤㅤㅤ__O que está fazendo Joseph?
ㅤㅤㅤㅤ__Olhe nos meus olhos e diga que você não gostou daquele beijo__ ele ordenou__ diga que não quer que aconteça de novo e eu te deixo em paz. 
ㅤㅤㅤㅤ__Eu não disse que não gostei__ sussurrei e ele já ia se inclinando novamente para me beijar, mas o interrompi__, mas não sei se quero que aconteça de novo, não quero ser mais uma das milhares de garotas com quem você fica.
ㅤㅤㅤㅤ__Oh, isso de novo__ ele revirou os olhos.
ㅤㅤㅤㅤ__Eu não estou te julgando Joseph__ disse seriamente para deixar aquilo bem claro__ é só que já estive no seu lugar. Já fui exatamente como você, bebendo o tempo todo e ficando com qualquer um que aparecesse. Eu sei como é, e não quero voltar aquele tempo. Quando decidi tomar jeito na vida prometi a mim mesma que nunca mais seria assim. Eu não quero fazer as coisas por fazer, porque eu posso ou tenho vontade. Eu quero que a minha vida signifique alguma coisa, que as coisas que eu faço tenham um significado__ o olhei bem nos olhos, esperando que ele me entendesse__ isso é assim tão ruim? 
ㅤㅤㅤㅤ__Bem... __ ele soltou uma de minhas mãos e acariciou de leve meu rosto__ talvez algum dia signifique.
Ficamos ali parados naquela posição, olhando nos olhos um do outro, enquanto eu absorvia suas palavras. Estava bem óbvio que de alguma forma surgiu uma forte atração entre nós dois, eu não sabia explicar como, mas era isso... Uma atração. Mas será que algum dia, como ele acabara de sugerir, essa atração podia se transformar entre coisa? Será que alguns beijos poderiam significar algo mais? Será que eu queria que significasse algo mais? 
ㅤㅤㅤㅤ__Talvez__ sussurrei finalmente. 
ㅤㅤㅤㅤDessa vez não esperei que ele tomasse alguma atitude, só resolvi seguir seu conselho e apenas... Sentir. Então me inclinei para frente e eu mesma o beijei. Naquele momento mandei para o inferno minhas duvidas e o medo das possíveis consequências. Quão ruim podia ser o fato de eu estar beijando aquele que deveria ser meu irmão? Bem... Ninguém precisava saber. 
ㅤㅤㅤㅤJoseph deixou que o peso do seu corpo caísse sobre o meu e a sensação era maravilhosa, tê-lo assim tão perto, eu podia senti-lo em todos os lugares. Suas mãos deslizaram pelo meu corpo ferozmente, mas ainda de forma gentil, me causando arrepios. Deixei que as minhas o explorassem também, acariciando seu corpo maravilhoso, sentindo seus músculos por debaixo da camiseta. 
ㅤㅤㅤㅤSeu beijo era o paraíso... E o preço seria o inferno.

_____________________________
ㅤㅤㅤㅤ__Hey, onde vocês dois estavam?__ Jason perguntou quando Joseph e eu nos aproximávamos da casa__ procuramos vocês em todos os lugares.
ㅤㅤㅤㅤ__Estávamos na cachoeira__ Joseph respondeu muito naturalmente, parecendo incrivelmente tranquilo. Como se estivéssemos apenas nadando na cachoeira e não dando uns amassos. Como ele conseguia?
ㅤㅤㅤㅤ__Bem, hoje vamos comer em volta de uma fogueira__ ele murmurou__ como homens das cavernas.
ㅤㅤㅤㅤNós o seguimos até a entrada da casa onde Paul tinha feito uma pequena fogueira e estendido uns lençóis no chão para que pudéssemos nos sentar. Tinha uma cesta com comida... Então seria um piquenique a luz da lua. Eu e Joseph nos sentamos no chão, lado a lado e todos nos encararam.
ㅤㅤㅤㅤ__Onde vocês estavam?__ Paul perguntou.
ㅤㅤㅤㅤ__Na cachoeira__ respondi encarando o chão__ nadando.
ㅤㅤㅤㅤJoseph parecia estar se divertindo com meu nervosismo, porque fazia força para não rir bem ao meu lado. Eu o olhei feio, o que só piorou a situação, mas graças a Deus ninguém se prolongou no assunto e logo estávamos todos conversando sobre coisas banais, como se nossos muitos problemas não existissem. 
ㅤㅤㅤㅤ__O que vocês acham de um pouco música?__ Jason sugeriu. 
ㅤㅤㅤㅤ__É uma boa__ minha mãe sorriu__ você vai tocar para nós?
ㅤㅤㅤㅤ__Você me ajuda?__ ele perguntou a Victória.
ㅤㅤㅤㅤ__Claro.

ㅤㅤㅤㅤJason foi buscar o violão e ele e Victória ficaram durante um minuto decidindo o que iam tocar para nós. Era legal ver que eles tinham algo em comum e que estavam se dando bem agora, Victória até parecia menos... Infeliz. Talvez odiasse o mundo um pouco menos agora. Depois da grande revelação de Paul todos tinham ficado chocados, agora pareciam ter decidido fingir que nada acontecera. Veríamos por quanto tempo. 
ㅤㅤㅤㅤJason finalmente começou a tocar e Paul puxou minha mãe para uma dança. 

Pensando nos nossos tempos de juventude
Só existia eu e você
Éramos jovens, selvagens e livres.
Agora nada pode lhe manter longe de mim
Já passamos por isso antes
Mas agora já acabou
E você continua me chamando para mais.


ㅤㅤㅤㅤVictória tinha uma voz poderosa. Parecia que o talento não era exclusivo de Joseph. Enquanto estava distraída a ouvindo cantar, Joseph me puxou pela mão, me fazendo levantar e então me segurou junto de si.
ㅤㅤㅤㅤ__Me concede essa dança?__ ele perguntou sorridente.

Querida você é tudo que eu quero
E quando você está deitada em meus braços
Quase não consigo acreditar
Que estamos no paraíso
E amor é tudo que eu preciso
E encontrei em seu coração
Não é tão difícil de ver
Que estamos no paraíso.

ㅤㅤㅤㅤ__Você está com um olhar estranho no rosto__ Joseph comentou__ qual o problema?
ㅤㅤㅤㅤ__Porque acha que tem um problema?
ㅤㅤㅤㅤ__Você é muito transparente__ ele garantiu__ o que foi? Já está arrependida...
ㅤㅤㅤㅤ__Não__ tratei de interrompê-lo rapidamente__ pode ser difícil de acreditar Joseph, mas nem tudo gira em torno de você. Estou preocupada com outra coisa que não tem nada haver com nós dois.
ㅤㅤㅤㅤ__E porque não diz o que está te incomodando então?

Oh, uma vez na vida você encontra alguém
Que vira a sua vida de ponta a cabeça 
Que te anima quando você está mal
Agora nada poderia mudar o que você significa para mim
Há muita coisa a dizer
Mas apenas me abrace agora
Pois nosso amor irá iluminar o caminho.

ㅤㅤㅤㅤ__Estou preocupada com nossos pais__ confessei__ eles disseram que não tinha nada errado com o bebe ou com minha mãe, mas acho que estão mentindo. 
ㅤㅤㅤㅤ__Porque você acha isso?
ㅤㅤㅤㅤ__Conheço minha mãe e aquele olhar no rosto dela__ expliquei a observando por cima do ombro de Joseph__ o mesmo olhar que tinha no rosto sempre que queria esconder que meu pai batera nela de novo, como estava machucada ou triste. Ou quando queria esconder que não sabia se teríamos uma próxima refeição. Ela esta tentando fazer parecer que está tudo bem para não nos preocupar.
ㅤㅤㅤㅤ__Acha realmente que não nos contariam se tivesse algo errado?
ㅤㅤㅤㅤ__Eu tenho certeza e o fato de não nos contarem só prova que deve ser muito ruim. 


Querida você é tudo que eu quero
E quando você está deitada em meus braços
Quase não consigo acreditar
Que estamos no paraíso
E amor é tudo que eu preciso
E encontrei em seu coração
Não é tão difícil de ver
Que estamos no paraíso.


ㅤㅤㅤㅤ__Hey olha para mim__ ele pediu e eu obedeci__ talvez não seja nada. Não devíamos nos preocupar antes de ter certeza. Porque não pergunta a ela se tem algo acontecendo?
ㅤㅤㅤㅤ__Talvez seja exagero da minha parte__ eu queria acreditar que estava imaginando coisas.
ㅤㅤㅤㅤ__Fazemos assim então. Hoje esquecemos disso e nos divertimos, você relaxa e tenta ser um pouco menos neurótica__ ele sorriu quando o olhei de cara feia__ e amanhã os enfrentamos juntos e perguntamos se tem algo errado. 
ㅤㅤㅤㅤ__Tudo bem__ revirei os olhos para a expressão no rosto dele.

Eu esperei há tanto tempo
Para que algo acontecesse
Para o amor chegar
Agora nossos sonhos se tornam reais
Na felicidade e na Tristeza
Eu estarei lá com você.


ㅤㅤㅤㅤTerminamos a conversa e ficamos apenas dançando. Escorei minha cabeça em seu ombro, me sentia cansada porém levemente eufórica. Tinha muitas coisas e sentimentos diferentes passando pela minha cabeça. Estava tentando fingir que os amassos que dera com Joseph alguns minutos atrás fora algo perfeitamente normal, nada que valesse a pena esquentar a cabeça. Nada que justificasse o meu coração disparado ou a vontade de ficar abraçada com ele para sempre. 
ㅤㅤㅤㅤMas eu sabia dentro do meu coração que ainda pagaria um preço por essa euforia que sentia agora.
ㅤㅤㅤㅤ__ Querida você é tudo que eu quero, e quando você está deitada em meus braços, quase não consigo acreditar que estamos no paraíso__ Joseph cantou baixinho em meu ouvido. 
ㅤㅤㅤㅤAfastei-me para olhá-lo nos olhos e ele sorriu.

E amor é tudo que eu preciso
E encontrei em seu coração
Não é tão difícil de ver
Que estamos no paraíso.


ㅤㅤㅤㅤA música finalmente acabou. Todos aplaudiram e pediram por uma segunda rodada. 

Fim do Capítulo


AVISO IMPORTANTÍSSIMO

Gente vou ficar sem computador por um longo tempo. O meu carregador quebrou e eu tenho que comprar outro. Isso pode demorar como também pode ser rápido. Então irei sumir um pouco do blog. Mas prometo não abandonar totalmente ok?
Vou salvar as fics no pen drive e quando der entro pelo computador da minha mãe e posto para vocês ok??
Por isso terminei a maratona postando os capítulos logo de uma vez. Espero que entendam e que não me abandonem. Beijos e até breve 

Mini fic - Ambitious - CAPÍTULO OITO

Maratona 5/5


Demi acordou grogue e inquieta. Partilhar um quarto com Joe era muito difícil. Primeiro, o homem dormia quase nu. O que só percebera na manhã seguinte, quando ele se levantara e ela acordara a tempo de vê-lo entrar no banheiro, as costas musculosas nuas e aquele traseiro, oh, céus, aquele traseiro vestido apenas com uma sunga que abraçava seus contornos.
Então ele saíra do banheiro sem nada e permitira que ela visse todos os seus segredos, além do peito esculpido. Era como uma fantasia feminina viva, conjurada de seus desejos mais básicos. Um homem de verdade, com pelos e músculos e todas as coisas boas formadas pela dose saudável de testosterona. Nunca ansiara por aquelas coisas, não num nível tão visceral, não como a visão dele a fez ansiar.
Porque jamais se permitira. Odiava admitir aquilo. Gostava de fingir que Michael e o assalto não importavam num contexto sexual. Porque na mente sabia que sexo não era assim. Que a maioria dos homens não a feriria. Sabia, mas uma parte dela não acreditava. E evitar sexo e homens era tão mais fácil do que analisar o que sentia.
Mas Joe a fazia imaginar se valia a pena correr o risco de ter contato com um corpo como aquele. Ele não a feriria ou a forçaria, sabia. E, ei, talvez também gostasse dela. Afinal, ele a havia beijado e devia ter sentido alguma coisa. Não que gostasse dele, apenas o achava atraente. Não era uma menina idiota com uma paixonite. Era uma mulher e tinha necessidades. Queria fazer sexo com ele, não namorar.
Era hora do almoço e ela empurrou o peito de frango no prato com o garfo. O casamento começaria dentro de duas horas e nem pensava na noiva. Apenas nos músculos de Joe. Patético. Não conhecia o homem, mas estava começando. Ele a fazia rir e sorrir.
Joe não comparecera ao almoço, alegando ter trabalho, e estava bem com aquilo. Precisava de uma folga dele. Precisava acalmar seus hormônios negligenciados e parar de ofegar pela atenção dele. O que ele não lhe daria.
Porque entregar-se ao desejo estranho e louco por ele arruinaria. Arruinaria nada. Absolutamente nada. Não gostava de Joe. Ele não gostava dela. Eram rivais decididos a derrubar um ao outro, e no momento viviam apenas uma trégua temporária. De qualquer maneira, não poderiam ter um relacionamento. Nem mesmo queria. Além disso, não era o tipo de mulher que dormiria com um cara com o qual sabia que não teria um futuro. Era?
E não se via confiando em ninguém para ter um relacionamento. Não queria ser usada por seu dinheiro, e os caras só a procuravam pelo que poderia lhes proporcionar em termos financeiros. Era fácil dizer não a eles. Mas Joe não estava atrás do dinheiro dela. Se quisesse dormir com Demi, seria porque a desejava. De qualquer maneira, já estavam usando um ao outro para fazer um grande negócio, assim, um relacionamento apenas físico seria possível, desde que ficasse de olhos abertos.
Sua mãe ficaria tão desapontada com ela. Tinha lhe ensinado a tratar seu corpo, o sexo, como uma coisa especial. Mas a mãe havia comprado um cara para sair com ela, e ele tentara estuprá-la. O que havia arruinado o modo como via o sexo. Logo, que importância tinha? A mãe jamais soubera o que era melhor para Demi.
Além disso, o que tinha a perder?
Não era talhada para o papel de esposa e mãe. Talvez um caso tórrido e passageiro fosse o melhor que conseguiria na vida. Um caso com o inimigo. Agora, por que isso a excitava? Devia sentir repulsa.
Ergueu os olhos quando um homem se sentou à sua mesa. Louro, bonito. Não devastador como Joe, mas também nada desagradável. Talvez aquela fosse a resposta. Outro homem. Um homem mais sensato. E estavam em público, sentia-se em segurança. Um homem que poderia atender à necessidade sensual que crescia nela, mas que não era tão intensa como com Joe. E alguém que não podia classificar como inimigo.
— Oi. — Ela sorriu, virando a cabeça para o lado, flertando. Vira outras mulheres fazerem aquilo e podia imitá-las. E sabia que estava bonita e atraente naquele vestido.
— Oi. Demi Lovato, certo?
— Sim — Não se sentiu ofegante, mas fingiu, porque achava que homens gostavam daquilo. — E você é?
— David Brown. Vi você aqui e tive que me aproximar.
— Mesmo? É tão gentil.
— Tenho uma ideia para um produto e preciso lhe contar.
Depois disso, o cérebro apenas se fechou enquanto David, que parecia cada vez menos bonito, começava a lhe explicar uma ideia muito incompleta e que parecia não ter base na tecnologia existente e compreensão de como computadores funcionavam Ou conhecimento de que ao se aproximar de uma mulher, durante uma festa de casamento para fazer uma apresentação de negócios, significava um não automático.
Quando ele terminou, Demi lhe apertou a mão, agradeceu e fingiu que não estava morrendo por dentro. Estava tão cansada do fato de que ninguém, homem nenhum, conversava com ela, com a pessoa que era. Porque gostava de computadores e era uma geek, e esse era o motivo pelo qual homens bonitos se aproximavam dela, eram gentis, tratavam-na com deferência. Porque era rica e tinha poder. Eram todos mentirosos. Não podia confiar em nada do que diziam, nada do que faziam. Joe era um canalha, mas era honesto. E era uma enorme vantagem.
Olhou em torno, para a paisagem impressionante. Seria amiga daquele casal se não fosse pela posição que ocupava? Se não pagasse as melhores suítes para eles? Uma coisa era certa. Se não pudesse lhes dar dinheiro, então teria que lhes dar alguma coisa de si mesma. Abrir-se para eles. E não gostava nem um pouco da ideia.
Joe não gostava muito dela e não fingia. Não queria conhecê-la, mas poderia gostar de dormir com ela. Era honesto. E no momento, preferia sua franqueza brutal ao sorriso de um sicofanta. Um caso com o inimigo parecia cada vez menos idiota.
—Você não devia usar preto em casamentos.
Joe se aproximou de Demi na recepção, com uma taça de champanhe na mão. Chegara bem no começo da cerimônia.
Demi se virou e o estômago de Joe deu um nó, o sangue grosso e rápido nas veias. Aquela intensa atração.
— Tenho permissão. — Ela sorriu, os dentes com um brilho branco contra o batom carmesim
O cabelo louro descia em ondas suaves, o vestido negro tinha uma silhueta simples, que abraçava seus quadris e abria como um sino nos joelhos, de onde caía suavemente até o chão. Mas foi o profundo decote em V na frente e atrás que chamou sua atenção. Os seios eram pequenos e perfeitos. Ele se descobriu imaginando-os, pensando neles de forma obsessiva. Seria por causa dos muitos anos em que sufocara as próprias fantasias, enquanto realizava as dos outros? Dos muitos anos reprimindo os próprios desejos para não precisar lidar com as lembranças? Seria por isso que era tão forte? Ou apenas Demi?
O fruto proibido. Uma tentação a que se julgara imune. Porque tinha sido a tentação para outras pessoas e não havia satisfação para o objeto desse tipo de luxúria. Era um desejo egoísta. Usava a outra pessoa, até que nada restasse dela. Até ficar congelado por dentro. A menos que tornasse sua missão satisfazê-la.
Não. Não faria isso. Era manchado pelo passado, cada centavo recebido, cada centavo multiplicado, vindo de sua mais profunda vergonha. Seu império havia sido construído sobre suas costas no senso literal. Não traria tudo àquilo de volta. Não poderia.
Odiava os boatos. Que havia seduzido mulheres ricas e mais velhas e lhes tomado às fortunas. No entanto, odiava mais a verdade. Que havia sido o brinquedinho delas. Que havia sido comprado. Que sua empresa tinha sido construída assim. Que seu legado era o de um homem que vendera por um preço baixo, aquilo que só poderia ser dado.
Assim, afastou o olhar do corpo dela para seus olhos. Castanhos. Limpos. Refletindo tudo o que começava a acreditar que era: inocente. Boa. Toda aquela armadura para cobrir o que havia de doce e vulnerável nela.
— Permissão especial para a benfeitora do casamento? — Entregou-lhe a taça de champanhe.
Ela a pegou.
— Dificilmente a benfeitora.
— Você pagou pela hospedagem de todo mundo. E também paga o salário da noiva.
— Não lhe dou dinheiro por nada. É uma programadora muito boa.
— Conhece todos os seus funcionários?
— Não todos. Numa empresa do tamanho da minha, seria impossível, mas você sabe disso.
— Mal conheço alguns, nenhum abaixo de certo nível.
— Como é possível?
— Não sou o tipo de patrão que anda pelos escritórios e faz reuniões com equipes de funcionários ou frequenta treinamentos.
— Oh. Eu sou. Quero dizer, faço essas coisas.
— Sim, você é muito, você é uma pessoa gentil.
— Obrigada. Parece surpreso.
— Não conheço muitas pessoas gentis.
— Talvez eu não seja tão gentil, Joe.
— Por que diz isso?
— Bem, acho que sou generosa com dinheiro. Mas não comigo mesma. Sim, ando pelos corredores e converso com todos. Vim ao casamento e compro presentes caros. Mas é fácil dar dinheiro. Difícil é se dar, oferecer amizade verdadeira.
— Quer que as pessoas a usem pelo seu dinheiro.
— Nunca tinha pensado nisso, mas suponho que é o que recebo, já que é tudo o que dou. Mesmo assim, jamais gostei de ser usada por meu dinheiro quando tentava fazer uma conexão.
— E homens fazem isso com você?
— Sim. Há muitas mulheres lindas no mundo, mais bonitas que eu. Nenhuma, porém, tem mais dinheiro que eu. Assim não é preciso ser um gênio, para descobrir por que homens se sentem atraídos por mim.
— Qualquer homem que olhar para você e ver apenas uma conta bancária; é um idiota. Como podem não perceber como é realmente maravilhosa e singular?
Ela o olhou de queixo caído com o elogio. E havia sido sincero. Não estava tentando seduzi-la. Não estava brincando. E as palavras haviam funcionado. Atraíram-na. Se a quiser, pode tê-la. Mas não a teria. No entanto a tentação era tão grande que quase o consumia. Saber como seria ter tudo o que queria. Explorar toda a suavidade dela. Sua inocência.
Aquela seria a verdadeira vergonha. A inocência dela, o desejo de despi-la de sua armadura e expor toda aquela suave doçura que clamava por ele, eram as próprias coisas que o impediam de tocá-la. No entanto, se fosse outra mulher, mais vivida, mais sedutora, duvidava de que sentisse qualquer coisa por ela. Era o que a tornava diferente. Proibida. E tão atraente.
— Acha mesmo que estão deixando de ver alguma coisa?
— Sim — Sabia que devia parar. Sabia que devia fazer alguma coisa para impedi-la de olhar para ele com aqueles grandes olhos castanhos. Como se fosse algum tipo de herói.
— Como todos podem deixar de ver, Joe? O que há comigo? Não escondo as coisas boas em mim, então por que ninguém vê? O que está errado comigo?
— A verdade? Acho que é inteligente demais para a maioria das pessoas. Você as intimida. E é claro que não consegue se conectar com alguém que também não é excepcional. Você é um desafio e isso assusta alguns homens. Ou os fazem querer dominá-la. Também, acho que realmente não quer nenhum dos homens que não demonstraram interesse por você. Acho que tem um controle maior do que pensa.
— Acha?
— Você é o tipo de mulher que sabe o que quer e como conseguir. Uma bilionária antes dos 21 anos, uma líder na indústria da tecnologia. É um feito impressionante para uma pessoa da sua idade. É praticamente a única do seu gênero. E tem um controle grande demais.
Demi olhou para a taça, e então de volta para Joe. Estava vestido de maneira impecável, o smoking lhe realçando o corpo que vira nu aquela manhã. Joe causava uma boa impressão, parecia um homem muito civilizado, mas não era, sabia. E achava que tinha mais controle do que realmente tinha. O que aconteceria se tentasse seduzir Joe? Se pegasse o que queria? Ele também a queria. Bem, talvez. Havia-a beijado como se estivesse se afogando e ela fosse o ar, e dissera que aqueles que não percebiam que ela era especial eram idiotas. O que tinha que significar que ele percebia. Mas não importava. Só queria que a desejasse.
Era ridícula. Uma virgem de 25 anos, permitindo que tantos medos e inseguranças a prendessem Ele tinha razão. Sua armadura era falsa. Ainda vivia com medo, protegendo-se. Não se sentia forte por causa de sua imagem, escondia-se atrás dela. Mas se fizesse sexo com Joe, sua armadura podia quebrar. Aquela grande muralha de medo que a cercava ruiria. Porque Joe Jonas era mestre naquele jogo. O tipo de homem que fazia as mulheres perder a cabeça para ter o corpo dele. Era uma ideia.
Se ela queria aprender alguma coisa, aprendia com um mestre. Era apenas senso comum Se quisesse aprender sobre sexo. Tomou um gole de champanhe. Para se fortalecer. Precisava muito. Então deu um passo em direção a ele e colocou a mão no seu braço.
— Você gosta de mulheres no controle?
Alguma coisa nos olhos dele mudou. Escureceu.
— Não.
— Ah.
— Gosto de ficar no controle.
O modo como disse as palavras, a voz macia e rica, cobrindo-a como chocolate quente, a fez estremecer. Despertou um anseio nela que a chocou por sua força.
— Bem, isso não é bom, já que acha que estou no controle. Mas você prefere estar. — Era uma idiota na arte da sedução. Não sabia mesmo nada.
O que era uma pena, porque realmente o queria. Bem agora, queria-o tanto que doía. Era uma experiência inédita e apavorante. Mas parecia que era capaz de fazer aquilo. Com Joe não haveria sentimentos, mas também não haveria joguinhos. Não haveria exigências, força. Não confiava nela e não lhe pediria que confiasse nele.
Podiam dar prazer um ao outro, e então. E então as coisas voltariam ao que eram antes.
— Você poderia. — Hesitou, inspirando com força. — Poderia ir até a varanda comigo?
— Quer uma repetição da nossa visita à varanda na Califórnia?
— E se quiser?
— Há jornalistas?
— Provavelmente.
Ele lhe tomou o braço e a guiou através do salão até a varanda de madeira. Lanternas estavam penduradas em intervalos regulares. Ela inspirou com força e exalou, os olhos nas estrelas. Havia tantas delas! Nunca tinha visto uma quantidade tão grande. Sentia- se selvagem como a região. Virou-se para Joe e ergueu a mão para o rosto dele, buscando uma pista em sua expressão. Não havia nada. Mas não esperaria por um sinal e exercitaria o controle que ele achava que tinha.
Colocou a outra mão na nuca de Joe e enlaçou seus cabelos com os dedos. E então fechou os olhos e comprimiu os lábios nos dele. Eram quentes, firmes e imóveis. Mudou o ângulo da cabeça e lhe tocou os lábios com a língua. E então ele se moveu, o braço passou em torno de sua cintura e a puxou para ele, apertando-lhe os seios contra o peito. Segurou-a lá, permitindo que ela o beijasse sem reagir.
— Beije-me — pediu com os lábios ainda comprimidos nos dele.
E, por um momento de encantamento, ele obedeceu. A boca se moveu sobre a dela, tão hábil, tão incrivelmente sábia. Um arrepio a percorreu e a excitação lhe arrepiou a pele. A umidade da língua criou uma reação igual entre as pernas dela. Oh, sim, ela o queria. Queria que ele lhe mostrasse tudo o que estava perdendo.
Então ele se afastou de repente e o ar a congelou.
— O quê?
— Nada. Mas isto não foi bem uma exibição pública, foi?
Ele estava respirando com força, percebeu Demi, uma coisa que não lhe acontecera na Califórnia. E o rosto parecia um pouco vermelho. Duas coisas ficaram evidentes para ela: Joe estava excitado. E no primeiro beijo não havia ficado. Não sabia o que pensar das duas coisas.
— Suponho que não. — A respiração dela estava errática, o coração disparado. E as pernas tremiam
Ele se virou, afastou-se dela e se debruçou na amurada da varanda, os braços descansando na madeira. Ela o seguiu e parou a seu lado.
— Quero você. — Ele não reagiu, não se moveu ou olhou para ela. Apenas continuou a olhar para a água. — Joe eu não quero nada além do acordo que temos. Apenas quero você. Na cama. Até isto ter terminado, e então você se afasta com o que quer e eu com o que quero.
— Uma transação de negócios. — O tom era duro e sem emoção.
— Sim. O que há de errado com isso?
— Não gosto da ideia.
Ficou atônita. Teria entendido tudo errado? Ele não a queria? A humilhação foi pior do que imaginava. Sentiu-se pequena, a garota desajeitada que sempre tinha sido. É claro, não tinha nada a oferecer a Joe.
— Lamento que me ache tão desagradável. — A mágoa e a raiva dos últimos dez anos de sua vida se somaram à rejeição de Joe. — Devia ter lhe oferecido dinheiro? É essa a moeda que compreende?
Ele se afastou da amurada e se virou para ela, os olhos brilhando de ódio.
— Cuidado, cara mia.
— Desculpe se acho um pouco insultante que você, Joe Jonas, que todos sabem que seduziu mulheres ricas e mais velhas por dinheiro, ache desagradável dormir comigo.
Ele estendeu as mãos, segurou-lhe os braços e a puxou contra ele. E pela primeira vez, ela o viu sem nenhuma civilidade. A máscara tinha caído. Não havia mais charme, mais sorrisos fáceis e sarcásticos. Este era o homem das ruas, que deixara de lado a moralidade para sobreviver.
Ele não disse nada, apenas olhou para ela. Então ergueu a mão e lhe tocou a face, traçando uma linha até o queixo, os olhos nunca deixando os dela.
— Então quer falar sobre meu passado, quer? Acha que o compreende porque leu um livro? Os detalhes a excitam? As histórias das minhas atividades com antigas amantes? Gosta da parte que diz que tomei uma mulher casada num armário durante uma festa, enquanto o marido a procurava no salão de baile? É minha história favorita.
Ela balançou a cabeça, congelada por dentro.
— Joe... Eu não...
— Mas não sabe os detalhes. São sensacionais. Um jovem garanhão que as mulheres achavam irresistível. Um canalha sem consciência, que recebia presentes por suas habilidades sexuais. Mas essa é a versão limpa, Demi.
— Não pode ser.
— Sim, pode. Presumo que saiba o que é uma prostituta.
Ela piscou.
— Sim
— Não fui o alegre sedutor de mulheres solitárias. Era pago para estar lá. Na cama delas. No armário. Era um prostituto, Demi, pago pelo sexo. Vendi meu corpo pelo preço mais alto e fiz o que quer que mandassem, quisesse ou não.
— Não pode... Não pode ter sido. Isso não.
— Pensa que estou exagerando? Não estou. Fui tirado das ruas aos 16 anos por uma mulher chamada Claudia. Era bem mais velha, rica. Procurando um pouco de diversão. Não comia fazia quatro dias. Procurava trabalho, mas mal conseguia ficar em pé. A primeira coisa que ela fez foi me comprar uma refeição. E depois disso, como podia negar o que quer que ela quisesse? Estava faminto por comida, por um toque, por uma cama limpa, então fui e recebi o dinheiro dela, satisfeito. Mas era seu bichinho de estimação, Demi. Aprendi a obedecer a todos os comandos dela, a ser seu amante de fantasia. Mas não era tudo o que queria. Pretendia ganhar dinheiro comigo também. E tinha contatos, outras mulheres que conhecia e que estavam dispostas a pagar para ter um homem jovem em suas camas, que fizesse tudo o que desejassem. Ela me ensinou inglês, me ensinou a dançar, arte e cultura, e tudo o que eu precisava saber para ser uma companhia agradável. Fui treinado. Como um animal.
Demi engoliu, o estômago apertado.
— Quer que eu pare, não quer?
Ela acenou. Não queria saber. Porque, até um momento atrás, ele tinha sido uma fantasia. E agora era real demais. Só ouvir o que Joe havia vivido a fazia se sentir suja. Como ele deveria se sentir?
— Pena, você me desafiou, agora lide com as consequências. Quer falar sobre o meu passado, então precisa saber como realmente foi. Recebi dinheiro por sexo. Fiz o que as mulheres queriam e fiz bem. Também ouvi quando falavam. As esposas de homens ricos sabem muito sobre dinheiro. Sobre investimentos. Descobri como fazer o dinheiro que ganhava crescer. É difícil abandonar um estilo de vida assim, quando fazia centenas de dólares por uma hora de trabalho. Mas finalmente entendi que o custo era muito alto e não me vendo mais. Não estou mais disponível. Não sou um animalzinho de estimação. Sou um homem e tenho minhas próprias vontades.
Ela acenou devagar e se afastou dele andando de costas, interrompendo a corrente que a prendia. Virou-se então e voltou para o salão de baile, mantendo a cabeça baixa enquanto atravessava a multidão.
Sentia-se doente. Todo o corpo tremia. Como tinha sido fácil usar o passado dele para julgá-lo. Sentir-se superior a ele. Agora se sentia como se despedaçada por dentro, como se tivesse sido obrigada a ver o que ele tinha sofrido, e nada a protegia daquele pavor.
Joe era um homem orgulhoso, e tivera seu orgulho pisoteado durante aquela parte de sua vida. Fora obrigado a pertencer a outras pessoas. Sofria por ele. E sua visão dele mudou. Não o playboy mundano, mas o menino transformado em vítima. Dezesseis anos e precisando desesperadamente de tantas coisas. De amor e educação, comida e abrigo. E lhe deram uma versão vazia daquelas coisas e o prenderam a ela. Mas agora o via como era, pelo que era. Imaginara-o um homem educado, suave e mulherengo. Como o homem que recebia presentes com um sorriso e deixava as amantes satisfeitas e saciadas. Não havia percebido. Jamais teria sido capaz de pensar que ele se vendera. Vendera seu corpo.
E sim, aquilo a perturbava. Mas também a fazia sentir uma espécie estranha de ligação com ele. Porque tivera uma prova de como era ser considerada um objeto, de como era horrível e apavorante ter alguém tentando tomar posse do seu corpo contra sua vontade. Apenas ele o fizera de novo e de novo. Submetera-se àquilo para sobreviver. E o sofrimento dela aumentou, fazendo-a se sentir exposta demais.
De qualquer maneira, ele não a queria e não o culpava. Insultara-o além do limite, da razão. Tratara-o como um prostituto e agora conhecendo seu passado, sabia que ele tinha todo o direito de odiá-la.
Apertou o botão do elevador, entrou e se encostou na parede enquanto subia. Talvez devesse procurar outro quarto. Mas não podia fazer isso, porque se fossem apanhados dormindo separados todos ficariam sabendo, e precisavam manter a farsa até apresentar a proposta a Barrows. Estava presa no inferno que haviam fabricado.
Saiu do elevador em seu andar e foi até o quarto. Passou o cartão e a fechadura não abriu. Tentou de novo. Nada.
— Ah, coisa idiota, idiota!
Passou de novo e de novo. Então chutou a porta. Depois puxou o cabelo, encostou o rosto na parede e lutou para não chorar. Um segundo elevador parou e Joe saiu, furioso em direção a Demi, os olhos escuros presos nos dela. Arrancou a gravata e a jogou no chão enquanto andava até parar, a mão na parede ao lado dela. Debruçou-se com os lábios a um sussurro dos dela.
— Não me deixe mais assim.
— Ou o quê?
Passou um braço pela cintura de Demi e a puxou contra ele. Abaixou a mão da parede e traçou a linha dos lábios dela com a ponta do polegar.
— Você sabe meus segredos agora.
Ela acenou.
— Violou sua regra. Não confirme nem negue.
— Sim. E vou violar outra.
— Qual é?
— Eu quero. E não me permito querer.
— Você não se permite querer sexo?
— Não. Nunca tive uma amante, Demi, Isso a deixa chocada?
— Mas... Mas você disse. Não compreendo.
— Tive sexo, nunca uma amante. Tive clientes. Nunca estive com uma mulher da minha escolha e o que fazia no quarto era controlado por ela. Aprendi a ser apenas um corpo. Eu me separava completamente do que estava acontecendo. Encontrava uma fantasia que me permitisse funcionar e era isto: não precisava pensar, não precisava sentir. Não era meu corpo então, eu não vivia nele.
— Elas sempre lhe disseram o que fazer?
Ele balançou a cabeça.
— Sou especialista em linguagem corporal. Sei o que querem. Do que precisam. Mas não sei o que eu quero. Nunca me fiz tal pergunta.
— E. E agora?
— Quero você. — Ergueu os olhos para os dela. — Nos meus termos. Se quiser um arranjo, podemos fazer. Você na minha cama, até o negócio com Barrows estar fechado. No fim, quando nos separarmos, talvez, se for do seu agrado, você terá uma parcela um pouco maior do produto. — Ela balançou a cabeça. — Não, não vou deixar você me comprar. Se me quiser. Se me quiser, então talvez. No entanto, quero ser mais do que uma conveniência. Mais do que um homem que pensou que podia ter facilmente por causa da nossa situação. Não quero ser alguém a quem se acha no direito de ter.
Mas ela não podia aceitar que ele achasse que era dono dela também
— Minha confissão a fez mudar de ideia? — Soltou-a.
Ela mordeu o lábio.
— Podia dizer que sim, mas seria uma mentira.
— Entre. — Passou o cartão e, claro, a luz verde acendeu e libertou a fechadura.
Ela o seguiu para dentro do quarto. O coração batia com força, as pernas tremiam. Porque não sabia com o que havia concordado. Seu corpo doía. Queria, apesar do que sua mente pensava.
Joe desabotoou o colarinho, depois os punhos da camisa e se virou para ela. Estava escuro no quarto, apenas o abajur aceso ao lado da cama, e tudo era uma sombra com um brilho fraco que fazia o cenário parecer irreal.
— Se decidir que me quer, haverá regras.
— Que regras?
— Aprenderá a me dar prazer. Aprenderá o que quero. E me dará. Seu objetivo básico será meu prazer. Nunca tive uma amante Demi, e agora que decidi tomar uma será nos meus termos.
— E quanto ao meu prazer?
E pensou que o que quer que Joe fizesse, lhe daria prazer. Um homem como ele, bem versado em sexo e sem saber como ter prazer. Ela também não sabia como lhe dar prazer. E estava totalmente confusa. Por um lado, estava atraída por ele. E isso provavelmente lhe prejudicava o julgamento. Dar a ele quando todos haviam apenas tomado. Porque compreendia o quanto era desesperadamente solitário quando as pessoas apenas a usavam. E para ele tinha sido muito pior. Uma vida de solidão nas ruas, solidão na cama de estranhas. Solidão no topo do sucesso. E como era importante escolher a própria amante. Parte dela estava aliviada por estar acontecendo daquela maneira. Não no calor do momento, mas numa pausa para conversar. Com uma resposta definitiva de ambos os lados. Fazia-a se sentir poderosa, no controle. E imaginava que Joe sentia o mesmo. Talvez pudessem ajudar um ao outro a se sentirem um pouco menos solitários.
Além disso, receber instruções apenas a ajudaria. Afinal, queria a experiência, um pouco de treinamento para não ter tanto medo de fazer a coisa errada. Se seguisse ordens, não estragaria tudo. Quase disse que nunca tivera um amante também, mas decidiu ficar calada. Não havia lugar para a bagagem dos dois. E tinha a impressão de que ele se recusaria.
— E o que quer de uma amante?
Ele começou a andar de um lado para o outro, as mãos presas às costas, os movimentos elegantes, perigoso como um tigre.
— Quer mesmo saber? Não vou amenizar a verdade. Se quiser realmente, está concordando em me tomar. Todo eu. Como sou.
— Diga-me primeiro, então decidirei.
— O prazer da minha amante é importante para mim. Não tenho interesse em tomar e não dar nada de volta. — Como havia sido feito com ele, pensou. — Espero que aprenda do que gosto. A dar sem perguntar. Seguirá minhas instruções.
— E se eu não gostar do que me pedir?
Ele parou de andar e lhe encontrou o olhar.
— O prazer da minha amante é importante para mim — repetiu. — Sempre se lembre disso.
Olharam um para o outro. Com os olhos presos nos dele, soube que com ele, jamais se sentiria vulnerável ou em desvantagem
Era um homem com um desejo, um homem tão cativado pelo que existia entre eles quanto ela. Um homem sobre o qual exercia poder pela necessidade que tinha dela.
— E se eu disser não?
— Então, nada acontece. Depois do que me ocorreu, jamais teria uma amante que não me quisesse. Que não me desejasse a ponto da loucura. Como desejo você.
E naquele momento, ela se sentiu forte. Pela primeira vez, apenas ser ela, ter um homem a olhando daquele jeito a fez se sentir poderosa. Capaz de lhe conceder todo o controle, e ser recompensada. Uma coisa era certa, fisicamente Joe jamais a feriria. E emocionalmente, era seu inimigo. Não havia possibilidade de uma ligação emocional. Perfeito.
Sua escolha estava feita.
— Concordo com seus termos.

Continua ...