Capítulo 12 - Especial de Natal




O que ela achava que ia acontecer? Joe não conseguiu mais dormir. Começou a caminhar pelo apartamento, tentando se acalmar com um livro, um filme, ou até mesmo ouvindo música, mas nada disso funcionou. Ele, obviamente, não sabia nada de partos, exceto o que tinha visto em filmes, quando as mulheres gritavam de dor. Será que Demi estava gritando daquele jeito agora? Joe cerrou os dentes. Não saber nada sobre o que estava acontecendo era a pior sensação que ele já experimentara. Ele era um homem de ação. Tinha de decidir se ia ficar parado ali, imaginando o que estava acontecendo do outro lado do Atlântico, ou se ia fazer alguma coisa a respeito. 
Ele preparou uma mala em poucos segundos, fez uma reserva no primeiro vôo para Londres e providenciou um carro para levá-lo ao aeroporto. O dia estava nublado quando Joe aterrissou em Heathrow. Havia enviado uma mensagem de volta para Demi e descoberto o nome do hospital para onde fora. Ela devia ter pensado que ele queria lhe enviar flores ou algo parecido. Não lhe contara que estava vindo. Talvez não quisesse que ela fizesse alguma objeção, sabendo que nem mesmo um machista como ele deixaria de acudir uma mulher em trabalho de parto, ou talvez estivesse querendo averiguar se ela dissera a verdade a respeito de não ter mais nenhum homem em sua vida. Demi podia ter protestado, alegando seu estado e suas formas, mas Joe era suficientemente cínico para saber que alguém com um olho clínico podia muito bem aproveitar aquela oportunidade para agarrar uma mulher tão bela, especialmente quando havia um ex-amante rico disposto a pagar suas contas. 
A nova mensagem chegou quando ele já estava quase no hospital. Dois bebês saudáveis... e mais nada. Eram meninos ou meninas? Talvez um casal? 
Ele atravessou a porta de vidro da maternidade, pensando que aquilo não fazia diferença. Várias enfermeiras se dispuseram prontamente a ajudá-lo, de modo que ele não teve dificuldade em contatar a enfermeira-chefe. 
— Estou procurando Demi Lovato — disse ele. 
— O senhor é... 
Quem ela pensa que eu sou? 
— Eu sou o pai dos bebês. Joseph Jonas. Onde ela está? 
— Siga-me, por favor, Sr. Jonas. Eu o levarei até ela. 
Demi estava deitada, sentindo-se como se estivesse dopada, embora tivesse apenas inalado um pouco de gás e oxigênio, que foi a única coisa possível de fazer durante um trabalho de parto que a havia pegado de surpresa por sua rapidez e intensidade. Agora, porém, que a dor e a provação haviam passado, ela estava cochilando e acordando de tanto em tanto. Um sotaque familiar atiçou seus sentidos, convencendo-a de que ela deveria estar sonhando. 
— Demi? 
Ela arregalou os olhos como que para se certificar de que ele estava mesmo ali. 
— Joe? 
— Onde eles estão? — perguntou ele. 
A parteira ameaçou censurá-lo pelo seu tom de voz, mas Demi balançou a cabeça debilmente, com vontade de chorar. 
— Lá — sussurrou ela. 
Ele se virou lentamente e caminhou em direção aos dois berços, onde havia dois bebês idênticos, deitados lado a lado. A cabeleira negra era a única coisa que despontava contra a roupa de cama branca do hospital. 
Joe sentiu um tremor tomar conta de seu corpo e sua garganta secar. 
— O que eles são? 
Demi demorou até compreender que ele estava querendo saber o sexo dos bebês. 
— Meninos — respondeu ela. — Dois rapazes. 
— Idênticos? 
— Sim, Joe. 
Ele fechou os olhos, profundamente emocionado com o que ela acabara de lhe dizer. Todo homem grego sonhava em ter um filho homem para dar continuidade ao seu nome e aos seus genes, mas gêmeos! Exatamente como ele e Kyros. Uma célula dividida em dois. Iguais e ao mesmo tempo tão diferentes. 
Joe estava profundamente abalado. Parecia que alguém havia rasgado seu coração. 
— Gostaria de pegar os seus filhos no colo, Sr. Jonas? — perguntou a parteira com a expressão forçada de quem já havia feito a mesma pergunta milhares de vezes a outros homens. 
Joe olhou para cima, e seu olhar intenso pousou em Demi por um momento, beirando o desamparado, como ela jamais havia imaginado ser possível. 
— Você quer dizer, ambos? Demi teve de sorrir. 
— Bem, por que você não começa com um, e vê como se sai? 
Ele se sentiu tão inseguro quanto alguns patinadores principiantes que havia visto no rinque de Rockefeller ao olhar para aqueles pequeninos seres que emitiam sons de sucção desproporcionais aos seus tamanhos. 
— Por que não? — perguntou ele, estendendo os braços. 
A parteira pegou um dos bebês e o embalou antes de colocá-lo nos braços de Joe. 
— Tome cuidado para apoiar o pescoçinho — disse ela. 
Joe assentiu, sentindo um nó na garganta ao pegar a criança no colo. Como era possível uma coisa dessas? Um duplo milagre. 
— Oyo — disse Joe suavemente, começando a embalá-lo. — Meu filho. 
Demi engoliu em seco, ao ouvir o tom possessivo na voz dele, tentando dizer a si mesma que eram infundados seus temores. 
Ela, na verdade, deveria estar grata por ele ter reconhecido os seus filhos tão abertamente. Não tinha esperado que ele aparecesse por lá daquele jeito. No seu período mais vulnerável durante a gravidez, nas longas noites inquietas em que ela não conseguia encontrar uma posição, Demi havia ansiado várias vezes por isso. Desejou que Joe aparecesse de repente e transformasse toda a situação, como se possuísse poderes. Algo, porém, havia acontecido naquele ínterim que pareceu ter investido a ela dos poderes que esperara encontrar em Joe. 
Ela havia se tornado mãe. Tinha agora dois pequeninos bebês que dependiam dela. Aquilo deveria tê-la apavorado, mas tivera o efeito oposto. Ela contava agora com uma força que jamais havia sentido antes. Uma força que a tornava capaz de enfrentar até mesmo um homem tão dominador como Joe. 
— Por que você não disse que estava vindo? — perguntou ela. 
Ele afastou os lábios da cabeça do bebê. 
— Quis fazer uma surpresa. 
— Ou me controlar? — perguntou ela astutamente. 
A parteira franziu a testa, como que pressentindo o início de uma discussão. 
— Você deveria estar descansando... 
— Oh, eu vou cuidar para que ela descanse — interrompeu Joe. — Nós não queremos mais prendê-la aqui. Eu gostaria de ficar um pouco a sós com a mãe dos meus filhos. 
Demi quis retrucar e lhe dizer que a decisão de descansar ou não competia apenas a ela. Protestar contra a descrição fria que ele havia feito dela, fazendo-a parecer praticamente uma chocadeira. 
Mas ela não queria fazer uma cena, além de estar muito cansada. Olhou para seu porte poderoso e compreendeu que precisava descansar. 
— Você poderia voltar mais tarde, Joe? — perguntou ela, forçando-se a ser gentil, como se ele não significasse nada para ela. 
Ele podia ser o pai de seus dois filhos, mas isso não significava que havia algo entre eles, e ela seria uma tola se esquecesse isso. 
Joe ainda estava olhando para os bebês. 
Capítulo 13 
— Você já pensou nos nomes? — perguntou ele; como se ela não tivesse dito nada. 
E claro que ela havia pensado nos nomes. Tivera bastante tempo para fazê-lo nas longas noites de inverno em que sua barriga parecera desafiar a lei da gravidade tornando seus movimentos praticamente impossíveis. Mas já era suficientemente difícil escolher um nome, que dirá dois. Além disso, não havia ninguém junto a ela para dizer "Eu odeio esse nome" como faziam os casais sorridentes nas aulas do pré-natal. 
Os médicos haviam se inquietado com seu estado, recomendando-lhe que tomasse cuidados redobrados quando souberam que ela não estava contando com a ajuda do pai das crianças. 
Será que Joe teria vindo em seu auxílio se ela tivesse lhe dito que precisava dele durante aqueles meses? 
Ela realmente não havia querido vê-lo. Aquilo teria lhe provocado emoções indesejáveis num momento em que ela precisava manter toda sua sanidade e sensatez. Tinha tomado uma decisão, depois de sua ida a Nova York, de que ele nunca mais a veria vulnerável outra vez. 
— Você gostaria que eu fizesse uma lista? — perguntou ele, como se tivesse todo o direito de fazê-lo. 
Cansada demais depois de um longo trabalho de parto e daquela visita inesperada, Demi não estava com disposição para brigar. 
— Sim, por que você não faz isso, a menos que tenha alguma sugestão imediata, como Joseph I e Joseph II. 
Joe, porém, já não estava mais escutando. Para seu assombro, ele estava colocando o primeiro bebê cuidadosamente no berço e se debruçando sobre o outro para pegá-lo. 
Como é que um homem grande e forte como ele podia se adaptar tão rápida e habilidosamente ao trato de dois recém-nascidos tão pequeninos? Seu coração chegou a doer dentro do peito ao pensar em como as coisas podem ser sem nunca chegarem a ter sido antes. 
— Você aprende muito rápido — disse ela com a voz embargada. 
— NeFoi assim toda a minha vida. Joe acariciou o rosto da criança com a ponta do dedo. Em breve ele ia saber diferenciar as características de cada um deles, apesar de as outras pessoas insistirem em dizer que eles eram igualzinhos. Uma leve torção reveladora da boca. A maneira como o nariz de um lançava certa sombra sobre seu rosto, que o outro não fazia, e que só os olhos mais sagazes percebiam. Quem nascia tendo um irmão gêmeo idêntico passava a vida procurando esse tipo de diferenças. 
Ele saberia diferençar os bebês dentro de poucos dias. O bebê em seus braços começou a chorar e, como que por reflexo, Demi sentiu uma dor repentina nos seios e estendeu os braços. 
— Ele precisa mamar — disse ela, meio sem graça, o que era bastante estranho, dadas as circunstâncias. 
Aquele homem, afinal, conhecia seus seios melhor do que qualquer outro. Por que então ela estava se sentindo tão tímida como se ele fosse um estranho? Joe estreitou os olhos e lhe passou a criança com cuidado. Pela primeira vez ele realmente olhou para Demi enquanto ela afastava a camisola e dava o seio ao bebê com dedos ainda hesitantes. Suas bochechas estavam coradas e seus cabelos cor de mel presos numa fita azul, embora alguns fios sedosos lhe caíssem pela face. 
Ela estava amamentando o seu filho naquele mesmo seio que trazia a marca de sua própria boca que a havia feito gritar de prazer. 
Ele se sentiu tomado por um sentimento completamente desconhecido. Seria o choque de vê-la como a mãe de seus filhos em vez de apenas uma mulher sexualmente atraente? 
Joe desviou o olhar daquela imagem de perfeição. As coisas nunca eram o que pareciam ser. Nunca. Ele sabia disso melhor do que ninguém. Ele foi até o outro bebê que tinha começado a se agitar no berço. E se os dois quisessem mamar ao mesmo tempo? Como ela ia dar conta disso? 
Ele se virou para Demi e a encontrou olhando para ele com os seus olhos cor de violeta escurecidos. 
— Você vai dar mamadeira a eles, eu suponho — como alguém entrando em território desconhecido, o que, em se tratando de Joe, era o mais próximo que havia da hesitação. Demi balançou a cabeça. 
— Eu pretendo continuar amamentando-os. 
Ele ficou surpreso, mas não disse nada. As esposas de seus amigos tinham abandonado a amamentação, não só porque queriam retomar logo as suas carreiras e vidas sociais, mas também para preservar a aparência dos seios. 
Joe lembrou-se do choque que sentira quando uma mulher lhe dissera que seus seios tinham sido "melhorados" cirurgicamente e que por isso ela não podia amamentar o filho. 
— Acha que vai conseguir dar conta de dois bebês? — perguntou ele. 
— Bem, a natureza me equipou para fazer ao menos isso — disse ela. — Imagine só se fossem trigêmeos! 
Ele se flagrou curvando os lábios num sorriso. Foi então tomado de súbito por uma ansiedade de escapar daquela cena desconfortavelmente íntima, embora relutasse ao mesmo tempo para partir. 
Será que aquela mesma natureza, aquela força poderosa e indisciplinada, estava exercendo o seu poder sobre ele, atraindo-o em direção aos seus filhos? 
— Quando é que você vai receber alta? — perguntou ele. 
Demi demorou para responder, mas sabia que não poderia mentir, nem perguntar o que ele tinha a ver com isso. Ela o havia tornado parte daquilo quando lhe contara que estava grávida, e aquela decisão, como tudo o mais na vida, tinha suas conseqüências. 
Ela lhe informaria os fatos, pura e simplesmente. Não lhe devia nada mais além disso. 
— Daqui a três dias, se Deus quiser, contanto que eles estejam satisfeitos com meu progresso e o dos meninos. 
Joe notou a maneira como ela havia se referido aos meninos como se estivesse falando de um clube exclusivo ao qual ele não tinha permissão de se associar. Vamos ver se não, pensou ele com seus botões. 
— Eu virei pegá-la — declarou ele. 
— Mas eu não preciso... 
— Você precisa sim. Eu não estou argumentando com você, Demi... Não há alternativa. — Seus olhos negros brilharam de repente, com uma nova intenção. —Agora precisamos discutir os nomes dos meus filhos.

Continua ...
Hey meus amores, decidi postar dois capítulos em um no especial de natal e espero que vocês gostem.
Espero que o dia de natal de vocês seja maravilhoso e que vocês possam aproveitar com a família ...
Tenho um aviso para vocês. Agora sim vou tirar "férias". Só esses dias finais de Dezembro mesmo. Na primeira segunda de Janeiro eu estou de volta ok?
Beijos amores